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Existe relação entre soberania alimentar e a emergência climática?

Francieli Iung Izolani


Inicialmente, para chegarmos à resposta, precisamos compreender os conceitos de soberania alimentar e de emergência climática.


Basicamente, a Soberania Alimentar tem como base o direito dos povos de definirem suas próprias políticas agrícolas e alimentares, promovendo a produção local e sustentável de alimentos.

Nesse sentido, a soberania alimentar busca garantir que as comunidades possam controlar sua própria produção de alimentos, priorizando práticas que preservem o meio ambiente e apoiem a agricultura local. Sendo assim, isso também implica na valorização dos conhecimentos e práticas tradicionais e na garantia de acesso a alimentos nutritivos e culturalmente adequados, fazendo-se uma íntima relação com os critérios qualitativos e quantitativos da segurança alimentar e nutricional.


Ao seu turno, emergência climática é um conceito que se refere à crise global causada pelas mudanças climáticas, que resulta no aumento das temperaturas médias, em alterações nos padrões de precipitação, em eventos climáticos extremos, como os que recentemente ocorreram no estado do Rio Grande do Sul, e no aumento do nível do mar.

Desse modo, a emergência climática afeta a capacidade dos ecossistemas e da agricultura de sustentar a vida como conhecemos, impactando a produção de alimentos e a segurança alimentar global.


É nesse ponto que se dá a relação entre Soberania Alimentar e Emergência Climática.


As mudanças climáticas impactam diretamente na produção de alimentos, pois afetam a agricultura através de eventos climáticos extremos, como secas e inundações, que podem destruir colheitas e comprometer a disponibilidade de alimentos.

Ante a esse fato, a soberania alimentar pode ser uma resposta a essas mudanças, promovendo a adaptação local e a resiliência dos sistemas alimentares através de práticas agrícolas sustentáveis e diversificação de culturas.


No tocante à sustentabilidade e à resiliência, tem-se que a soberania alimentar promove práticas agrícolas sustentáveis que podem ajudar a mitigar os efeitos das mudanças climáticas. Por exemplo, técnicas como a agricultura de conservação e a agroecologia ajudam a manter a saúde do solo e a biodiversidade, tornando os sistemas alimentares mais resilientes às mudanças climáticas.


Além disso, através de formas sustentáveis de produção agroalimentar, há impactos positivos na redução da dependência de produtos importados e de fortalecer a produção local, vulnerabilidades às flutuações de mercado. Isso é particularmente relevante em contextos de emergência climática, onde a segurança alimentar local se torna ainda mais crucial.


Por fim, a soberania alimentar também enfatiza a justiça social e a equidade, permitindo que comunidades vulneráveis, muitas vezes as mais afetadas pelas mudanças climáticas, tenham maior controle sobre suas fontes de alimentos e de suas práticas agrícolas, o que pode ajudar a construir comunidades mais justas e resilientes.


Portanto, a soberania alimentar e a emergência climática estão interligadas na medida em que práticas alimentares locais e sustentáveis são fundamentais para o enfrentamento e adaptação às mudanças climáticas, ao mesmo tempo em que garantem a segurança e a justiça alimentar às comunidades locais.

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